vai ser preciso sangrar as palavras
vai ser bom ver correr o vidro das palavras
a palavra partir a palavra chegar
Mário Cesariny
fotografia de jorge pimenta
escavo os versos devagar
outrora visões de futuro,
hoje dicionário dos corpos
que desintegram bocas e desprendem memórias
na aridez da palavra listada.
talvez agora não saiba as suas sementes,
talvez já não adivinhe a terra e o sol
ou a germinação da cal
porque a geada queima os dedos e seca a tinta.
e a mão, vazia de gente,
esqueceu o lugar das palavras
lascou o verso
e quebrou a estrofe,
numa obra inacabada, injuriosa, quase falsa.
Na cela da escrita,
flores de papel libertam pétalas
com toda a linguagem
como se o poema fosse apenas
um corpo fotográfico
despido de verbo
sintaxe nua de frutos sépia
quase murmúrio
a empurrar-nos para o início do tempo,
onde as árvores tinham raízes de alfazema
a explodir na seiva das coisas
em rotação e translação de braços:
a nossa primeira pele
deitada na noite-beijo que sabe morder os lábios:
o silêncio de todas as coisas.
no poema incompleto ainda somos respiração infinita.
é assim o tempo das fotografias
e de todos os nossos versos lentos.
toranja, quebrámos os dois
a geometria do poema esculpe-se com língua em pele, fixa-se em papel e mente, assente à cada palavra uma tonalidade. deste teu poema sépia a fotografia de um teu momento. a poesia assume todas as formas que o poeta aprendeu no seu tempo. afinal, o que busca o poeta senão essas fotografias?
ResponderEliminargrande abraço, amigo Jorge!
sempre um prazer imenso ler-te.
celso, meu querido amigo-poeta,
Eliminaro que arrepia mais é pensar que envelhecemos, mas aquele que somos no polaroid permanece inteiro... mesmo que sem respirar.
um forte abraço!
Queridíssimo, lembrando o Guimarães Rosa, é fascinante essa relação sua relação voluptuosa com as palavras. Você "lambe as palavras e depois se alucina". Esse é o poeta que amo:
ResponderEliminar"...esse lugar que desintegra bocas e desprende memórias..." Nossa!!! Admiração profunda e delírios, que você me faz delirar.
Beijos,
taninha,
Eliminarhá palavras que nos saem serenas, outras animalescas, outras, ainda, saliva-flecha para já não falar das que são pólvora a rasgar tecidos dentro e fora da boca. quanto de nós permanece inteiro depois desta justa verbal?...
as tuas palavras, essas, são sempre sóis nos lábios de cada entardecer...
beijinho!
Jorge:
EliminarRealmente as palavras são de uma importância fundamental. Marcam e doem mais do que certos atos, mas também "palavras leva-as o vento" e também se diz que "uma imagem vale mais que mil palavras".
As palavras podem enganar e muito. Umas vezes ouvimos os outros e achamos que são palavras que nos injuriam, mas não, a censura está no nosso cérebro; outras, pensamos que são sinceras e não são! De todas, as piores são as que condenam!
Na vida, não somos sempre maus, nem sempre bons, mas se não construímos nada, ficamos presos dentro de nós, o que é o pior que pode acontecer!
Beijos e muita paz!
O poema, esse, mais uma vez é mágoa, como o anterior. A canção, nem falemos! Talvez a estrada da foto nos possa levar a algum melhor lugar!
Mais uma vez, depende de cada protagonista da vida!
Até breve!
ana clarissa,
Eliminartodas as palavras marcam. mesmo as falsas. porque a boca que as desfere e o cérebro que as acolhe transformam-se a cada passo de dança seu.
um beijinho verdadeiro!
Assimetria
ResponderEliminarA simetria
Há simetria
As palavras são mágicas.
Sua relação com elas é admirável, meu muito estimado amigo!
Muita Paz!
marcell,
Eliminarpensei em ti a propósito deste título. tu, que da simbiose geometria e poesia conheces todos os segredos...
um forte abraço!
o verso verbo de movimento
ResponderEliminar"o silêncio de todas as coisas."
silencio o verbo neste teu verso que se libertou da gravidade - lá, onde todos os movimentos se fazem possibilidade e realidade.
Eliminarbeijo, dani!
Jorge.. venho agradecer-lhe pela visita e dar-lhe as boas vindas!
ResponderEliminarTive conhecimento do seu cantinho através da Cissa que me indicou e fiquei surpresa pela beleza dos poemas que por aqui encontrei.. ainda estou um pouco ausente daqui do nosso mundinho.. mas aos poucos estou retornando e vou vendo tudo o que tens por aqui.
Um beijo grande em seu coração...
Verinha
verinha,
Eliminara cissa é tantas pontes nestes nossos oceanos...
um beijo para ti e um para ela, também!
As palavras ganham vida e formam um mundo imenso em seus poemas.Parabéns amigo poeta.
ResponderEliminararnoldo,
Eliminarse estas palavras ganham vida, as tuas são a própria vida.
um abraço, poetamigo!
Costumo dizer que a fotografia é a alma do tempo... Em frações de segundos, nos vemos nela, toda a nossa história de vida. Eis que um poema a completa, numa viagem do tempo.
ResponderEliminarGostei por demais. Analogia perfeita. Foto e poema nos inspiram.
Beijos,
a fotografia é o tempo, querida ana lúcia, seguro nas nossas mãos. quanto das mãos envelhece e morre; quanto da fotografia é a nossa eternidade...
Eliminarbeijinho!
Ah, eu costumo visualizar o que o poema sugere...durante a leitura não surge uma fotografia, mas várias... cinema mudo ao contrário...rs!
ResponderEliminarnem tento, porque é impossível comentar tudo o que um poema me sugere... é uma conversa que estabeleço com o texto... uma conversa confidencial...
Beijinho meu amigo querido... meu carinho por ti também é muuuuito especial!
oh, e eu que sou tão curiosoooooo, querida joelma :)
Eliminarbeijinho silencioso, esperando que os versos ainda saibam o valor de uma boa conversa.
extasio-me nesse mar de versos que dança lento uma explosão de maravilhas.
ResponderEliminarbeijos
e a menina concede-me uma dança? :)
Eliminartão bom ler-te nas palavras e no traço, querida luíza. aquela gota da cris está incrível!...
beijos!
Amigo Jorge Pimenta, é profundamente inspirador ver a maneira como exerce tão grande intimidade com as palavras. Parabéns e um grande abraço.
ResponderEliminarpaulo, meu amigo,
Eliminaras palavras não querem que as tratemos com parcimónia; se têm de rasgar, que rasguem. afinal, elas são a expressão maior dos nossos corações. tu que o digas; ainda agora o conferi na tua opinião desassombrada [e por mim corroborada] a respeito da tragédia no rio de janeiro.
abraço!
Acho que quando venho aqui e te leio, emudeço e me faltam palavras pra comentar...Tão lindos eles são. Bjos achocolatados
ResponderEliminarquerida sandra,
Eliminare como tudo se ilumina com a tua passagem leve, fresca e delicada.
beijinhos envoltos em chocolate!
A única forma de reter o tempo é a fotografia, silenciosa e significativa. Pode amarelar, como a vida e, ainda assim, será parte dela. Com palavras e sentimentos, podemos trazer de volta o momento eternizado, mas sempre será passado.
ResponderEliminarVocê sempre encanta!
Bjs.
marilene, querida amiga,
Eliminartalvez a fotografia seja mesmo o que de mais perto da eternidade podemos almejar...
beijinho!
na cela da escrita, somos algemados pelas palavras. o poeta é refém de suas palavras em tal magnitude que muitas vezes nem ele entende.
ResponderEliminara profundida da sua poesia é sem precedentes.
excelente!
Abração!
jim,
ResponderEliminartu melhor do que ninguém sabes quanto a palavra tem de ser vadia :). afinal, ela não vale per si só; ela é a expressão da boca que a diz e de todas as bocas que se envolvem no ato de dizer.
abraço, grato pela simpatia do teu comentário!
o silêncio das tuas coisas gritou bem dentro de mim, um grito seco, poético, profano...
ResponderEliminarparabéns !!!!
faz a palavra dançar...
beijo
é assim a poesia: grito e silêncio em todas as gargantas que ousamos desprender do lado do corpo para onde raramente espreitamos.
Eliminarbeijinho, solange!
Oi Jorge
ResponderEliminarPoesia é momento, há momentos lentos, outros tão intensos. Do sépia ao vermelho vivo ela passa por todas as cores, as que vemos e as que supomos existir.
Mais que sépia tua foto trouxe o sol da tarde para a minha janela.
Beijos
van,
ResponderEliminarpoesia é o momento. como a vida e todas as suas linhas.
beijinho grato pelas tuas palavras!
no fotograma a estrada, ali que se delineia o ventre de idas e vindas, o percurso tosco a assomar-se na maresia das horas, e os espelhos se recortam em enigmas que afagam a pele do poema,
ResponderEliminargrande abraço
e é ali que chovemos, que geamos, que somos sol e nuvens, tempestade e brisa estival, ali que amanhecemos e anoitecemos, ali, na estrada, no asfalto. e continuamos a sonhar com asas nos pés...
Eliminarabraço, assis!
Despido de verbo?
ResponderEliminarlonge de ser a sua poesia
vestido sim... de magnitude
na mais profunda sinfonia
O que dizer esta aprendiz
que lasca versos quebra estrofes
dilapidando palavras?
Jorgíssimo
Como sempre me emudece a sua maestria mas com certeza logo aprenderei a tocar algumas notas.
beijos de além-mar
querida elisa,
Eliminarquantas vezes o coração ousa e o verbo não sabe dizer?... é esta a maior contradição da poesia: chega mais longe do que a palavra não poética, mas mesmo assim está longe de ser partitura perfeita.
beijinho!
"onde as árvores tinham raízes de alfazema
ResponderEliminara explodir na seiva das coisas" – um pensamento delicioso, Jorge, assim como todo o poema.
Sem falar na beleza de suas fotos, que prendem a gente em contemplação.
Grande abraço.
dade,
Eliminarsempre tão carinhosa em todas as abordagens. resta-me agradecer a verdadeira seiva da escrita: o carinho daqueles que ela toca.
beijinho!
Olá, grande amigo Jorge!
ResponderEliminarA fotografia imortaliza a imagem, a palavra, o poeta.
O poema tem uma metalinguagem que nos esquadrinha o fazer poético.
Vemos belas imagens verbais, pintadas com a pena do maestro.
A palavra pode ser ambígua, anfótera conforme seu autor.
Tua poesia embelezou minha alma.
Abraços do amigo de além-mar.
bento, meu bom amigo,
Eliminartu, profuso conhecedor das palavras e das suas significações, desmontas todo o conjunto sem nunca perder a noção da própria construção global. este teu olhar faz-me falta.
um abraço!
revelada ou velada, a palavra em suma apresentação
ResponderEliminarno devir da coisa, a verdade não alcançada
onde 2 não é nada
longe a proposição de um signo
da forma expressa, escrita ou impressa
dizer apenas como a coisa é
a palavra: movimento de pernas em linha oblíqua e círculos im-perfeitos, como todos os passos de indagação definida. vácuo ou essência? que importa? desde que verdadeira libertação... no mais: que o fazer seja mais do que a arte; que seja todo o ser.
Eliminarabraço, sr. borges!
Jorge querido PoetAmigo!
ResponderEliminarNa MPB (Música Popular Brasileira), temos um cantor-compositor que se chama Djavan, o conheces? Ele tem uma música, cujo título é: “Se...”, com a seguinte frase:
“Insiste em zero a zero e eu quero um a um”.
O contexto é outro, no entanto o conjunto belíssimo que tens aqui de poema-fotografia-música me remeteu a ela.
Um jogo sem gols, empate no vazio onde ninguém vence, somente há perdas.
Uma assimetria vocal que se faz simetria do nada, no (des)propósito.
Quem é apaixonado por futebol sabe o quanto esperamos para assistir a rede balançar, e se isso não acontece, o que sentimos.
Só nos resta um poema incompleto a preencher as linhas do tempo, como um creme anti-rugas, mas que, antes de ser um “trucco” (maquilagem), são palavras em sua força infinita, pois incompleta.
Uma estrada entre árvores, uma fotografia cor sépia, como esta de tua autoria, belíssima!
Cesariny..., sem palavras..., ou 100 palavras! :)
Grande beijo!
P.S.: O vídeo da “Quebrámos os dois”, aqui muito adequado. Tu és inteligente, amigo!
P.S.2.: Se tiveres curiosidade: http://www.youtube.com/watch?v=iJHRFztB7D8
cecília, querida amiga de tantos oceanos,
Eliminardjavan é um cantor que goza de uma certa popularidade no nosso país, atuando recorrentemente por cá. apesar de tudo, não sou um conhecedor profundo do seu trabalho. acabo de abrir o link que sugeres e logo tropeço em duas pérolas:
"você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim".
ora, aí está o empate sem golos de que falas e que cada poema, por mais perfeito que seja, sempre reinaugura. afinal, a voz do coração tem uma sintaxe irreproduzível na escrita.
beijinho!
Quando a palavra deixa de ser uma invenção para ficar quieta nos dicionários ela troca-se passado (perfeito…imperfeito…) é uma palavra dita, listada. Quando as visões de futuro trocam-se parte do 'dicionário do corpo', ainda que se podem conjugar, elas restam visões do passado, pequenos pontos na pele do presente.
ResponderEliminarFazemos das fotografias uma trampa pelas palavras, os gestos, o movimento impossível de parar na realidade que queremos conservar intacto na memória.
Uma fotografia fica quieta, mesmo que colorida, mas um poema resta sempre incompleto, porque a nossa respiração o alimenta. sempre há um verso que quiséramos acrescentar.
O teu poema tem respiração própria, fica vivo, e a fotografia e bela. Uma combinação perfeita.
Um abraço forte, meu querido amigo!
eduardo, meu bom amigo catalão,
Eliminardo tanto que somos pela palavra e o tão pouco que conseguimos ser sem ela... fatalidade ou recompensa?
forte abraço!
Jorge, meu querido Amigo, grande poeta!
ResponderEliminarVejo que andamos vibrando na mesma frequência!
Quanto tenho martelado pensamentos que vão no mesmo sentido dos teus versos, estes versos que tu, de forma tão exata, sabes montar com a perfeição do artífice que és!
Muito lindo poema!!!
Abraço bem apertado da
Zélia
é verdade, zelita, tenho-o confirmado na leitura da tua escrita apaixonante.
Eliminarquanto de nós é tempo, memória e fotografia?...
beijinho!
Então, o texto querendo, falando-nos em poemas, em vida.
ResponderEliminarBem se vê que seus versos são escavados com cuidado, a beleza vem, aparece.
Versos lentos, ventos de que a internet nos dá a colher.
a poesia e a vida... qual é qual?
Eliminardauri, grato pela visita e pelas palavras!
Jorgito, poetíssimo-amigo do meu coração!
ResponderEliminarÀs vezes caminho por fotografias antigas, como se tentasse agarrar o tempo com as mãos, mas tudo que sinto são estranhamentos. Sensações de uma existência forjada na eternidade, da qual o homem necessita vestir-se, pois lhe dói à nudez da mortalidade, lhe dói à velhice decrépita, lhe dói o que já não é mais. Os olhos fazem-se pontes, na tentativa angustiante dos seres, que teimam por territórios inteiros, mas já não há mais mapas nítidos. Ver-me no tempo ido é constrangedor, eu ali cristalizada num espetáculo morto, sem alma e até mesmo o corpo, esse acessório ilusionista, não dialoga mais intimidades. Há somente o sono e o bocejo do universo, este sim, eterno. No entendo, para fazer-me ambígua, por gostar de assim ser-me, eu penso que a tinta realista, atemporal, das fotografias, nos mancha a voz do peito, que profere a palavra certeira, muitas vezes, nos rasgando até o sangue e, logo, através da poesia todas as vidas e coisas são eternamente possíveis.
Acho que me empolguei no comentário, mas a verdade é que, me atiça a poesia que derramas tão contaminada de sangue, não há como passar ilesa por teus versos.
Ah! Ganhei poetas maravilhosos no Faces, graças a ponte, de amizade e afeto, que construístes ligando as terras poéticas.
Beijo atemporal, poeta das gentilezas.
ira, minha amiga-poeta,
Eliminarjá reparei que há tantos amigos e excelentes poetas que tocaram o faces, pela primeira vez, na tua "carta para um amor triste". e como isso me faz feliz! este encontro com a palavra leva-nos ao estabelecimento de cadeias que apontam ao infinito. aos muitos que já te seguiam, juntam-se a laura, a cecília, a cida, o celso, a tânia, a andrea, gente boa, gente que vive a poesia como extensão da própria vida.
sobre o tempo e as fotografias, josé luís peixoto diz: "Naquele instante estávamos felizes. Antes, tivemos gestos que nos levaram àquele instante; depois, tivemos gestos que nos tiraram daquele instante; mas, naquele instante, estávamos felizes.
O castigo que escolhi para mim próprio foi saber aquilo que aconteceu a seguir." [Cemitério de Pianos].
beijinho, minha querida amiga!
Jorge, querido amigo de tantos oceanos,
ResponderEliminarestive lendo sua réplica. Não tenho necessariamente ideia aqui no Brasil dos cantores/compositores (bons, não os de moda), que tem repercussão em Portugal.
Com certeza, o próprio título da música: "...se", é uma hipótese, que sugere outras tantas. Um poema maravilhoso, como este teu!
Incompleto, pois...
Preciso um favor teu.
Estive recebendo a visita da Andy, no entanto ela apenas me seguiu e não comentou. E no perfil que ela usou para me seguir, não consta seu link, pois quero retribuir, conhecer seu trabalho e também comentar.
Se puder me deixar o link por lá, te agradeço. Assim já fico com o registro no meu blog.
Muito agradecida!
Grande beijo!
querida amiga cecília,
ResponderEliminara andy é uma pessoa incrível, que marca no "lua" o seu encontro com as artes, em geral, e com a poesia/prosa poética, em particular. temos vindo a acompanhar as produções um do outro há muito tempo - antes mesmo da criação deste viagens de luz e sombra.
eis um link para conferires: http://andy-luaprateada.blogspot.com/
beijinho grande!
:-) só agora vi... Jorge, obrigada pelas tuas palavras!
Eliminarcom infinito carinho por ti, beijo, amigo!
Boa Noite!
ResponderEliminarJorge,
somos permitidos ser refém,
do tempo das lembranças de outrora...
e dessas nossas prisões es que surgem grandes expirações para brincarmos tão
belamente com aqui escrito:
assimetria vocal: o tempo e a fotografia na geometria do poema
um abraço!
amiga da liberdade,
ResponderEliminaro que há de vir nunca está completamente desligado da memória do que [quase] foi. quanto, em nós, pesam um e outro? o presente, esse tempo inefável, talvez seja justamente o hiato entre memória e desejo.
beijinho!
Jorge, vc se assemelha a um bom vinho do Porto, quanto mais o tempo passa mais valioso e profundo fica, lindo texto meu amigo lusitano, sigo te questionando, vc já lançou algum livro ou pretende lançar num futuro próximo?
ResponderEliminarAbração pra ti.
paulo, meu bom amigo,
Eliminarquando nos comparam ao vinho do porto, percebo que o tom é laudatório, mas não consigo deixar de pensar nas entrelinhas que sublinha a ideia de envelhecimento, hehe.
publiquei, sim, algumas coisas, ainda que de poesia tenha apenas um livro-coletânea de produções antigas, de tempos verdadeiramente idos. depois disso, alguns projetos, mas a verdade é que ainda não avancei com nenhum deles. a ver vamos. há ideias, mas sinto que tenho de ser mais expedito e menos lírico nestas coisas das publicações. até porque a poesia vende pouco e seguramente nenhum editor virá bater-me à porta a perguntar se quero publicar.
um forte abraço, desejando vivamente que o problema ósseo esteja resolvido.
Passei por cá e fiquei...lindíssimo, não tenho mais palavras :))
ResponderEliminarrita,
Eliminarmi casa es su casa. acomoda-te e sente-te bem, assim o desejo.
beijinho e poesia!
- adorei esse poema. Que poetar incrível você desenvolveu aqui.
ResponderEliminar"e a mão, vazia de gente,
esqueceu o lugar das palavras
lascou o verso
e quebrou a estrofe,
numa obra inacabada, injuriosa, quase falsa."
Beijo grande.
evelyn,
ResponderEliminarque bom teres gostado.
um beijo!
A cela da escrita é feita para aqueles que gostam de se prender por vontade, os mesmos que se libertam junto às pétalas do papel, não querem arrancar as flores do jardim, querem ficar à flor da pele com palavras inventadas, feito noite-beijo.
ResponderEliminarSaudades, querido Jorge.
a cela da escrita é tudo o que conseguimos escrever mas ainda mais o tanto que fica por dizer... quantas vezes por nos estourar no peito?... quantas vezes por nem nele caber?...
Eliminarum abraço com muitas saudades, também, querida lívia.
Excelente...o modo como colocas as sílabas , os versos, as estrofes...de um jeito fotográfico , com uma mestria de que só tu és capaz: sempre maravilhosa tua escrita.
ResponderEliminarObrigada.
BS
amiga-colega blueshell,
Eliminarsão apenas palavras... quantas delas rebeldes, a fugirem pela boca, sem que as saiba domar?...
sempre tão querida! tenho andado em falta com alguns amigos... perdoa-me. há momentos de corrossel na vida em que basta uma fogueira para tudo parecer estar a arder... e nesse então, o tempo faz-se imposição.
beijinho grande!
Ei, Jorge!
ResponderEliminarMuito me inspira ler você... Há verdade pulsando em suas palavras. Ao ler-te entendo bem a definição de "estesia".
Chego a pensar que o tosco e inacanado nunca anda além do oceano, pois toda semana deparo com sublime poesia.
Beijo, querido poeta!
Em tempo: Sua fã de metalinguagens...
adriana,
Eliminaronde começa a sensibilidade e onde acaba a frases lavrada a nervo e intumescência de pele?
inspirador é ter-vos aqui, viajarmos nas palavras uns dos outros e fazermo-nos maiores pelo signo-sinal.
um beijo, querida!
o envelhecer da palavra que renasce vívida e pungente sempre..
ResponderEliminarpresa em memórias
degustadas em sons únicos..
e que bela imagem Jorge!
beijos querido amigo...
somos mesmo assim, como as palavras, ingrid. envelhecemos nos contornos da tinta com que arrancamos ao peito todas as nossas verdades. mas depois, depois de sentir o verso na parte limpa do ser, renascemos [mesmo sem antes termos morrido]...
Eliminarbeijinho!
É um poema que nos arrasta para o desencontro em palavras leves, quase docéis na inquietude de procura:
ResponderEliminar"e a mão, vazia de gente,
esqueceu o lugar das palavras
lascou o verso
e quebrou a estrofe,
numa obra inacabada, injuriosa, quase falsa."
Obrigada pelas palavras, pela forma como as escolhe e agrupa, acrescentando sentido ao próprio sentido.
Um beijo
lídia,
Eliminarqueria tanto que a minha poesia fosse esse trovão que arrasta... às vezes sinto que apenas arranha...
beijinho!
p.s. sei-te uma admiradora da escrita do manuel pina; vamos tê-lo em março na escola, para uma conversa com alunos e professores :)
beijinho!
Olá, Jorge,
ResponderEliminaro tempo e a fotografia, que é de tirar o fôlego, tão bonita
na geometria e suas linhas, seus pontos, arcos, vértices, ângulos, dimensões, arestas, lados, bases, faces
da leitura uma imagem, palavras-semente plantadas a crescerem árvores galhadas de significados, florescendo, frutificando,alimentando, venenosas ou não, frondosas ou miúdas, dando as sombras os abrigos
um campo uma vastidão de letras, sílabas, a formarem palavras, frases, orações, versos, estrofes, poemas e poesias, textos, livros
composições
beijinho pra ti
vais,
Eliminare leio o teu comentário, releio-te e volto a lê-lo... percebo, ali, as tantas voltas com que as palavras se fazem incompletas no dizer. o teu texto atira esta assimetria vocal para a absoluta incompletude. admirável!
beijinho!
Detesto chegar e dizer ADOREI... mesmo, mas não há como dizê-lo doutra forma.
ResponderEliminarAdorei o poema, a escolha do tema dos Toranja, é lindíssimo e ainda a foto fenomenal.
Cores, especialmente e profundidade.
A D O R E I ...
Beijinho
Ná
fernanda, amiga do nome bonito,
Eliminarcomo dizer mais senão que agradeço a gentileza do teu comentário? obrigado, mesmo.
beijinho!
Tou há um bocado de tempo assimilando esse "dicionário de corpos"!
ResponderEliminarQue achado poético!
Que bonito e profundo!
Que inveja que me dá rsrsrs
beijosss
marcell,
ResponderEliminarfeita a anotação; não tenho tido grandes chances de bloguear, mas na primeira oportunidade passarei lá, com certeza.
abraço!
o dicionário de corpos... hum, estou seguro de que quem o tentou escrever não saiu da letra "a", certamente :)
ResponderEliminarbeijinho grande, lelena!
Meu caro amigo, me lembrou Neruda, essas palavras.
ResponderEliminarE quanto ao silêncio de todas as coisas, existe um lugar onde você pode encontrar isso: Frankfurt. Nem uma palavra nas ruas. Frieza poética.
http://www.imaginariopoetico.com.br/correspondencias-oscar-wilde-a-bosie/
molly,
Eliminarviajar é o ofício de quem escuta e de quem canta. ah, frankfurt! apenas em escalas, mas a promessa de se vir a fazer destino das asas, também.
beijinhos e [alguns] silêncios!
respiração infinita
ResponderEliminarno pulmão da escrita
que nos palpita
...
sabes do meu fascínio por tua obra, poeta precioso!
beijos cristais, meu queridíssimo*
observaçãozinha: andei meio perdida mas nunca deixei de te seguir além-mar(aqui no Brasil o ano só começa depois do carnaval).
cris, minha amiga,
Eliminarde desaparecimento em desaparecimento. tu e eu, entregues aos oceanos mas também a algumas quedas de água que gritam.
leio-te sempre por na tua lira me rever inteiro. ando a pensar naquela entrevista para o roxo... está quase a sair. e no nosso próximo texto... não esquecido, antes todos os dias lembrado.
beijinho, amiga de cris-tal!
Meu querido Jorge
ResponderEliminarPudesse o poeta aquietar os mares...amainar as ondas...domar as sombras...clarear a noite e prender nas mãos a ternura...resgatar as memórias e reencontrar algures o tempo perdido...despir-se da alma e enfrentar a efemeridade...a sede de infinito...o poder do voo...os caminhos por descobrir.
Por vezes o poeta é a infíma gota à deriva...uma ilha sem mar...um ponto negro no meio do oceano.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
amiga sonhadora,
Eliminarda alma dos poetas e dos seus misteres sabes tu tão bem! pudesse eu... pudéssemos nós e todos aqueles que um dia sonharam...
beijinho com carinho!
"como se o poema fosse apenas
ResponderEliminarum corpo fotográfico
despido de verbo"
As tantas imagens do teu poema extasiam-me
e viajo daqui, nesse instante, no teu poema/pintura, Jorge!
Abraço, doce poeta!
marlene,
Eliminarhá dias em que o poema nem corpo fotográfico se faz; é antes disparo sem rolo. hoje, por exemplo: e o verbo não se faz presente nas esquinas da criação.
um beijo!
Jorge,
ResponderEliminartão bonito que fico a contemplá-lo vezes sem conta. tem forma, perfume e corpo que murmura em silencio por todos os poros...
um imenso beijinho, amigo!
a delicadeza sempre foi a primeira imagem projetada pela tua lua, bem acima da luz do próprio satélite, querida amiga!
Eliminarbeijinho com gratidão e sobretudo o prazer imenso de sentir/saber a tua amizade!
......a tua poesia é mesmo trovão, encanto de amigo, é tempestade, ventania
ResponderEliminarou seja, TU és a poesia!
e arranha e morde
tatua
não há como apagar essa marca que és TU
vendaval, sempre que passas
a tua poesia, não é comentável.
como em Braille
lê-se e sente-se com os dedos da alma na própria pele.
olha eu
arrepiada.
ler-te é sentir-te
como à indispensável “bica” curta, queimante, restauradora e prazerosa do fim do dia.
esse teu caminho do tom de pimenta de caiena é lindo, e um fotografo e tanto.
"quebramos os dois", um poema quase tão belo como o teu.
um beijo, encanto de amigo.
amiga de tantos encantos,
Eliminarse há quem sinta as palavras como extensões dos dedos, esse alguém és tu. mesmo numa simples abordagem aos textos dos outros, tu deixas tinta e cristal, em esferas minúsculas que gravitam, primeiro devagar, para logo a seguir em velocidade supersónica, envolvendo quem te lê numa espiral que torna cada palavra-olhar espectro de imagens infinitas. como aquele lago que um dia sonhou ser o ninho de todos os arco-íris.
um beijo nessas mãos mágicas!
Grande Jorge, é sempre um deleite ler e viajar em seus versos ricos e belos.
ResponderEliminarAbraço e muito sucesso!
evandro, meu amigo,
Eliminardeleite é receber-te por aqui, e torno desta távola de amigos.
grato pela gentileza das tuas palavras!
um abraço!
ler-te é sempre balsamo benigno...Bjos achocolatados
ResponderEliminarquerida sandra,
Eliminarcada palavra tua carrega a doçura do chocolate. invariavelmente.
beijinho com amizade e gratidão!
Relendo seus versos lentos e me embevecendo sempre.
ResponderEliminarBeijos, Poeta
van,
Eliminarum muito obrigado pelas palavras-estímulo!
um beijo!
Um beijo pleno de carinho, BS
ResponderEliminarblueshell,
Eliminarquerida amiga-poeta-professora,
todos os carinhos se tornam ainda mais expressivos a esta hora: sexta-feira, final da tarde :) (e esta semana em particular foi que nem te conto...)
um ótimo fim de semana para ti!
Em tons sépia, nascem versos que escrevem memórias de imagens em momentos lentos mas infinitos...
ResponderEliminarPerco-me em tuas palavras.
Beijos amigo
cvb
quanto do nosso olhar se projeta para trás do ombro, em tons de melancolia e mel de um tempo que foi o tempo e todos os seus lugares? será isso a saudade? andará longe a nostalgia? e onde mora o não retorno?...
Eliminarah, o homem é sempre a diferença entre o que sonhou e o que desejou sonhar...
beijinho, querida amiga cecília!
os deuses enganaram-nos com as suas promessas
ResponderEliminarmas nunca havemos de parar a nossa busca
abraço
LauraAlberto
sabes, laurita,
ResponderEliminarnão vejo a hora de ser o homem a pregar uma partida aos deuses. assim um misto de prometeu e de ícaro, mas juntando ao ar e ao fogo toda a terra e os pés que a calquem.
abraço!
Honradíssima e muito emocionada com tua presença no rejaneando, querido Jorge.
ResponderEliminarrejaneando é também a minha casa, querida rejane!
ResponderEliminarbeijinho!
Que lindo poema, menino! Jorge, um beijo!
ResponderEliminarshirley,
ResponderEliminargrato pelas palavras-carinho!
um beijo!
Apenas li dois dos poemas deste blogue, mas foi o necessário para perceber a leveza das suas palavras e dos seus poemas. Faz-nos sentir as mesmas coisas, como se presenciássemos a mesma imagem, o mesmo cenário, que fez surgir essas palavras e não outras.
ResponderEliminarGostei muito e passarei a visitá-lo com mais frequência.
Beijinhos