I. rejaneando
[dedicado à rejane martins – rejaneando.blogspot.com]
a tua voz pontua o milagre
abrindo em sopro descontínuo
todos os silêncios
com que defines a melodia dos homens.
na plateia
condecoras a vida
com o manto da nudez
resistente ao tempo que nos percorre pelo lado de dentro.
Só tu sabes que
todos os deuses exercem a autoridade fora da terra.
garrafa [marcantónio]
II. neoprometeu
[dedicado ao marcantónio – diarioextrovertido.blogspot.com
publicado em tremdalira.blogspot.com, da cris de sousa, a 22/06]
tens as veias a incandescer nas quatro estações do homem:
toda a garganta se serve com espinhos
mas a tua guarda o travo do mel
algures entre a saliva e o sangue
como se todas as coisas ditas [todas]
sintetizassem a voz dos que perderam o tom.
aprendi que nenhuma palavra tua muda
e até a gramática é candeia acesa ao meio-dia.
afinal, a tua boca, por cima de nós, estremece ao ritmo do fogo.
guimarães
III. constelação de carne nua
todos os versos anunciam a paz
mas declaram guerra:
ter e perder
poder e falhar
desejar e morrer.
ah, os dentes são sempre de leite
na boca do poema...
zambujeira do mar
IV. poesis
marinheiros agitados em oceanos
sem sono
sem medo
sem nome.
a geografia da escrita?
radiohead, knives out