Quando […] acordou, manhã alta, sentiu na casa uma presença, talvez não
fosse ainda a solidão, era o silêncio, meio-irmão dela.
José
Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis
fotografia de jorge pimenta
trazem uma
história nas pontas dos cabelos
e o mirante
no olhar,
gota sobre
gota,
a recordar
estradas de alcatrão e anéis
onde morrem as aves.
nos ombros
tatuaram
conversas
e todas as
palavras clandestinas
que já não
sobem pelas frestas da voz
(agora
desabitada
a enterrar
bocas
e conclusões
suspensas).
sabem que
não têm todo o tempo
mas a
esperança continua a ser deus
que não sabe
a cor do céu
ou de que
massa se compõe o silêncio.
remanesce o corpo
tombado
sobre o movimento
e todas as
mortes que os habitam;
na vida
nenhum deles
ousa confiar.
spider, whitesnake