And he who
forgets is destined to remember
Pearl Jam, Nothing
Man
Fotografia de Jorge Pimenta
há sempre uma brisa
a repousar nos tímpanos
a repousar nos tímpanos
do grande
mistério lírico.
os poemas
também morrem de amores
como os
homens
os deuses
a gramática
e todas as
generalizações
com que
enganamos a vida,
sobretudo a
morte.
o poeta nada
sabe de uma
crê tudo
saber da outra,
mas de amor
só ouviu falar
e neste
sabe-que-não-sabe
ensina a
loucura
enquanto os
peixes acasalam
em aquários
de água doce
porque há
palavras que ardem na boca
antes de
chegarem ao mar.
e
pergunta-se
por que não
consegue nadar?
e quer saber
por que as
palavras são salgadas
e queimam os
livros
que lhe crescem
nas pontas dos dedos?
as pernas agitam-se sobre as linhas
mas as rimas
roubam-lhe o chão
e o verso:
serei a mentira mais grosseira de deus?
serei a mentira mais grosseira de deus?
o criador, cansado de amar com palavras,
atravessa a existência lenta
atravessa a existência lenta
uma e outra
vez
na síntese
dolorosa de todas as coisas:
apenas
homem a ferir palavras
e de
peixe apenas sabes a morte pela boca.
apenas
homem.
o dia
fechou-se atrás de si,
escolheu
sair do tempo.
já de costas
nem percebe aquele
pequeno poema
a pestanejar
nuvens
cada vez
mais longe dos lábios.
Pearl Jam, Nothingman
Belíssimo, Poeta!
ResponderEliminarHá tantos significados no amor "apenas homem a ferir palavras
e de peixe apenas sabes a morte pela boca.
apenas homem."
Os poetas sabem pouco ou nada sobre amor e morte. E o significado do peixe, quase nada, ou nada. Mas sabem colorir, jogar borboletas e flores e fingir o amor mais que ninguém. Pela primeira vez, leio aqui, Jorge Pimenta, o verdadeiro sentido das palavras morte, amor e palavras reais.
Beijo, Jotge!
Mirze
as palavras tem o sal do sagrado e são insubordinadas orações do nosso dia-a-dia, nada se sabe e tudo cabe neste desconhecimento do orbe,
ResponderEliminarabraço
o poeta debruça-se sobre própria pele e arranca versos inquietos como se fossem cascões de uma ferida em eterna cicatrização!
ResponderEliminare Pearl Jam é brisa...adoro!
beijinho com encanto, poeta amigo mágico!
O poema é de uma beleza enorme. Talvez no meio de tudo, dos poemas e dos petas, das nuvens e dos caminhos, das verdades e das mentiras, dos sonhos e das realidades que existem, só o tempo restará.
ResponderEliminarNos teus poemas escritos em parceria, encontro sempre a "tua" marca; sei das tuas palavras, teus delírios; e quando tu chegas assim inteiro, só tu, é um arrebatamento total. O poeta ensina a loucura. Desde quando te li a primeira vez soube que eu voltaria sempre para aprendê-la. Tuas imagens são pra mim libertadoras. E olha só que maravilha isso: "nem percebe aquele pequeno poema
ResponderEliminara pestanejar nuvens
cada vez mais longe dos lábios." Te reler já é de lei. A cada leitura de um mesmo poema, minhas paisagens internas se estendem tanto.
Beijos, querido.
Gostei muito. Muito bom mesmo.
ResponderEliminarAbraço
Jorge!
ResponderEliminarMas que preciosidade. Gosto destes poemas que pintam suas cenas no espelho dos olhos da gente. E ficam alí depois, aliviados, entendidos...
os poemas também morrem de amores...
Belo!
Beijo da Ziris
eu podia comentar de tantas outras formas, pois tu és capaz de adivinhar as palavras que me tocaram...
ResponderEliminarapenas te digo
não, tu és a verdade e ao sê-lo, tão nítida quase que pareces uma mentira
beijo
Lindíssimo!
ResponderEliminar"serei a mentira mais grosseira de deus?"
Beijos
OLá amigo Jorge!
ResponderEliminarComo você escreveu,poemas morrem de amor,como tudo na vida se vai com o tempo,mesmo que o céu esteja límpido e sombrio e o criador "Deus" interfere no dia e na hora,e com certeza esvai-se o tempo longo ou curto para ver a magia do viver.
Feliz Final de semana.Beijos
Maravilhoso poema Jorge! No mar de versos o peixe engole água salgada. Lembrei-me de um trexo do livro de Clarice, quando ela bebe água salgada do mar como forma de libertação.
ResponderEliminargrande beijo
Nos olhos, nuvens. Nos lábios, trovões.
ResponderEliminarBeijoss
Os poemas morrem de amores...quem os lê também!
ResponderEliminarTudo tão bonito. Eu amo Pearl Jam! Poema, imagem e poeta, todos lindos :)
Bjo, Jorginho
Sim, os poemas sentem. E os seus poemas, que são tão vivos, fazem um turbilhão aqui dentro. Te ler é lembrar que ainda há vida.
ResponderEliminarE que foto show!
Beijo.
"os poemas também morrem de amores"...
ResponderEliminarE não é que eu nunca tinha pensado nisso...
Oi Jorge,
ResponderEliminarBom dia! Tudo bem?
O texto expõe o tempo do tempo como uma primeira morte dos poemas que morrem por amor.
O texto me fez lembrar uma frase que não lembro o autor, mas que me avó falava:"As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas".
Assim, percebo a imagem para um novo despertar para ultrapassar a mera existência.
Bom final de semana e obrigada pela leitura que me acomodou.
Lu
Esta música... :)
ResponderEliminarJorge... Eis o meu novo covil:
http://oslugaresdemim.blogspot.pt/
Beijo amigo,
Margarida
(irreversível)
*já te sigo novamente
Fantástico... Fiquei sem palavras!
ResponderEliminarOlá, Jorge.
ResponderEliminarBelíssimo poema, meu caro.
Acho que o amor transcende o próprio tempo, recriando a si mesmo a cada segundo.
Abraço, Jorge.
Bom dia, se tiver um tempinho visite o blog do grupo de poetas que participo em Belford Roxo RJ, o Gambiarra Profana, e veja um trecho de nossa performance no Teatro Sesc Nova Iguaçu RJ, leia também o texto e se puder dê sua opinião no comentário, sua visita é muito importante pra nós. Desde já agradeço o carinho.
ResponderEliminarLink abaixo:
http://gambiarraprofana.blogspot.com.br/2012/07/malditas-belezas.html
Arnoldo Pimentel
Poeta Jorge Pimenta:
ResponderEliminarO poema diz tudo, a música também, a fotografia, essa, apresenta uma nesga de céu, como um aquário e o rasto de um jato - os rastos dos jatos parecem imobilizar-se no céu, como o tempo parado que vive o poeta. Que figura insondável é a estátua?
O poeta trata Deus por deus e criador: será ele mesmo envergonhado? Deus, mesmo cansado, faz-se cada vez mais homem e convida o homem a deixar de se fazer de deus... "O Homem não tem onde pousar a cabeça!": morre pela boca; mas, é verdade, falar também (nos) mata! Para sobreviver, o poeta finge monologar... já que o diálogo está em repouso menor... aparente! Leveda em segredo, por detrás dos gestos dos dias...
O poema dos olhos não se diz; os poemas sofrem (morrem de amores)!
Abraço! Boa Ressureição!
Seu espaço é um encanto...
ResponderEliminarSaudaçoes
Meu querido Jorge, eis que palavras certas e incertas, em águas doces ou salgadas, porque, afinal podem morrer pela boca e sem que os versos e poesias definam o que seja o amor, mesmo sabendo do gosto (doce ou salgado) e possuindo a destreza, a proeza de um peixe que nada em águas profundas ou rasas, límpidas ou turvas.
ResponderEliminarEu apenas sei que a palavra será definida pelo tempo e suas circunstâncias...
Beijos e bom final de semana.
Bom amigo Jorge,
ResponderEliminarConseguir-se saber o que não se sabe, já é saber muito.
Os peixes nos ensina muito sobre a vida, mas sobre morte, dão mau exemplo.
Amar com palavras é conotação,mas com gesto, é realidade.
As palavras são anfóteras: podem ser doces ou amargas.
A morte do poema é figurada; a do poeta não apaga seu brilho.
O dia se esconde para renascer com novel alumbramento.
O poema contempla muitas questões humanas irresoluta com louvor costumeiro.
Aqui, além de deslumbre, há sempre muita aprendizagem.
Abraços e ótimo fim de semana para ti e família.
Eu diria que sente... e que também mente. Que se queima com as labaredas e as apaga com palavras.
ResponderEliminarQue se acomoda em versos porque sabe que carregam sua dor, mas não a perpetuam, porque também eles têm passado. A foto está magnífica!
Grande beijo!
Coisa mais linda, Jorginho é essa brisa a repousar nos tímpanos...
ResponderEliminarVamos desvendando-na aos poucos...
Pearl Jam, morro de amores!
Beijinho!
Jorge lindo demais seu poema e com palavras que deixam a gente vagando na superfície das suas letras.
ResponderEliminarBeijokas doces e meu link mudou. dessiga-me e siga-me por favor.
"o Criador, cansado de amar com palavras...", no que cansou de amar com palavras, se fez carne, habitou entre nós e quis ter um relacionamento mais íntimo conosco, e selou essa amizade com sangue, vertido na cruz do calvário, maior prova de amor não houve nem haverá jamais.
ResponderEliminarLindo texto o teu, senti de escrever esse comentário ai em cima, abração pra ti Jorge.
Detive-me na última frase da Laura Alberto e é esta, exatamente, a sensação que tenho ao ler-te.
ResponderEliminarQuem na verdade é criador e criatura?
bj, poeta inspirador
O amor, pois, o poeta talvez seja o que menos sabe sobre isso. Vive cada numa constante ansiedade e procura, uma loucura aparente, que umas vezes traz respostas, outras vezes não.
ResponderEliminarGostei muito deste poema.
Beijinhos
Oi Jorge
ResponderEliminarComo diz Florbela Espanca:
"Ser poeta é ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!"
Como diz Jorge Pimenta:
"O poeta nada sabe de uma
crê tudo saber da outra"
Puxa, jorge!
Que fotografia!
Que instante eternizado!
Que olhar!
Beijos
Achei interessante alguns elementos em sua poesia. O peixe, o homem, a vida e a morte. Sao elementos tão próximos e com tanta representação que só pode o poeta observa-los e quem sabe impor uma dança lenta de palavras para se saber o que desde sempre se sabe: nada.
ResponderEliminarBacio e uma excelente semana para temos olhos...
"Serei a mentira mais grosseira de Deus?"
ResponderEliminarJorgíssimo
A mentira não dá vislumbres. E como explicar os arroubos de todos que te lêem?
A sua poesia pulsa e se expande. Então é a verdade inspirada pelo Criador.
Um bom início de semana
Beijos
Jorge, querido PoetAmigo!
ResponderEliminarHoje não terei tempo para comentar a partir da fotografia, mas só ela, te garanto, são muitas linhas de um poema..., e tão maravilhoso resultado!
Recordei-me da última estrofe do ‘soneto de outrora’ de Marcos Kawanami.
“Ao que eu, transido de solene horror,
Respondo com a frase das outroras:
Ao bardo cabe amar, mas não o amor.”
Penso na Poesia como a gênese:
‘E Deus criou no primeiro dia a Poesia e...’;
- como o prefácio de um livro a ser escrito.
Ao poeta cabe o ofício de cruzar o espaço na sua atemporalidade sem medidas ao firmamento. Se é verdade ou fingimento; se há mesmo alegria ou dor; amor, e ainda que se ame, intenso ou morno; se um dia será concreto ou não... Parece-me menor quando se percebe na Poesia um ponto de partida:
as palavras que constroem pontes sobre o oceano, que dão asas aos homens ou línguas de fogo às árvores representam a gênese: o ponto do sabe-que-não-sabe, depois de tudo que não se lembra.
Não deixemos que a Poesia morra de realidade, porque poderá não haver antídoto eficaz para o desamor.
Beijos!
PS.: Na sexta-feira passada foi o último dia da Oficina Poética que dei às crianças. Deixo-te aqui algumas definições que esses pequenos lançaram a respeito de Poesia (crianças de 5 e 6 anos):
"Poesia é o que se escreve."
"Poesia é música."
"Poesia é teatro."
Ah! Antes que eu me esqueça, mais uma publicação do ensaio que fiz a partir de teu poema. Agora, foi no jornal Diário Popular de sábado, o dia mais lido, da cidade de Pelotas, terra natal do nosso amigo em comum Jacques.
ResponderEliminarMais beijos, Jorge!
Agradeço por tua Poesia movimentar meu mundo e o de tantos amigos!
http://www.diariopopular.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?id=8¬icia=54983
Imagens esculpidas com uma beleza e força singulares.
ResponderEliminarMeu querido amigo,
ResponderEliminarque palavras mais lindas!!
Como sempre fico encantada com todas as suas palavras derramadas aqui, é sempre tão belo e verdadeiro, verbos que rasgam a alma.
O poeta nada sabe,
crê apenas em suas letras,
ou, as vezes, nem acredita nos versos derramados.
O poeta sabe apenas fingir desejos em letras apagadas...
Beijos meu amigo lindo
Jorge Pimenta, há tempos meus ventos não te ouviam. poema salgado,e claro, poesia dessa terra que nâo esquece de zarpar. muito refinado.
ResponderEliminarjorgíssimo,
ResponderEliminarsaudades de ti... saudades de nós...
saudades de vir por aqui e saborear uma aklheira de caça, escutar os pitons acima das cabeças na pedreira, abraçar você e os seus.
abraçar sua poesia.
to procurando tino.
do verbo atinar.
esse menino em busca de um norte, o
r.
o que arde nos livros marca também nossas peles delicadas de papel.
ResponderEliminarbeijo
These are actually great ideas in regarding blogging.
ResponderEliminarYou have touched some nice factors here. Any way keep up
wrinting.
Feel free to visit my web blog Shanell
Ciderei na fotografia.
ResponderEliminarGrata por toda a beleza.
Blue
Noto uma tremenda inquietação, sinal de também uma tremenda sensibilidade. Parabéns intensos.
ResponderEliminarMeu querido Jorge
ResponderEliminarPalavras?...não tenho, apenas uma imensa admiração.
Ninguém tente entender a poesia...a alma do poeta é procura
É o coração em chamas...o frio da alma...a negridão da noite
É loucura que desliza ao sabor da pena em eterna amargura
É a droga do corpo...o sangue a latejar... a solidão da morte
Deixo-te este rascunho e um beijinho com carinho.
Sonhadora
"O verbo ler NÃO tolera o imperativo, temos que seduzir, provocar, enamorar.
ResponderEliminarLer por prazer é algo contagiante.
Tudo isto servirá no futuro como verdadeiros anticorpos para o choque invitável contra a mediocridade, a hipocrisia e a vulgaridade quotidiana, contra a aridez do espírito, a insensibilidade e o declínio das faculdades sensitivas da beleza."
[Biblioteca José Saramago]
Venho te parabenizar pelo dia do Escritor! Que continuemos a encantar sempre!
Abraço!
http://apoetaesuasletras.blogspot.com.br/
De quando na dança estonteante das palavras ferve, ardente e lúcida, a poesia.
ResponderEliminarLindo, Jorge!
e pestanejar nuvens é algo tão elevado quanto escrever maravilhas- como escreves
ResponderEliminarbeijo
Querido Jorge, como sempre suas linhas transcritas, me encanta.
ResponderEliminarBeijos, bom final de semana.
"...a pestanejar nuvens
ResponderEliminarcada vez mais longe dos lábios."
amigo, perco-me de belas imagens com as tuas palavras!
um beijinho enorme enorme! :-)
Olá, Jorge
ResponderEliminare não há como não comentar a fotografia, que demais!
há sempre uma brisa
acredito que podemos até tentar enganar a vida mas será que conseguimos enganar a morte? acredito que não.
o poeta ama, é louco
beijo grande pra ti
o que é falar de amar? sentir a vida..
ResponderEliminarantecipar a morte..
nada sabemos neste tempo rápido e eterno ao mesmo tempo..
me aconchego em teus pensamentos querido Jorge..
beijos.
É, certamente, uma das fotos mais bonitas que eu vi nos últimos tempos, Jorge!
ResponderEliminarE sobre beleza: a ideia do poema como um ser que sente, ao avesso da gente sentindo o poema, é de uma transgressão maravilhosa ...e a brisa deixa isso evidente. Difícil é não sensibilizar uma palavra tua e não se sensibilizar com um poema teu, em toda visão, mesmo que fugidia, há mundos inteiros que mudam infindavelmente. É belo e intenso.
Recebe um abração, já estava com saudades de estar por aqui.
Olá, Jorge.
ResponderEliminarMuito bom o seu blog...belas fotografias!
Um abraço.
Margleice