dá-me um abraço como se fosse o último, estende-me a rede com que evite a queda livre, segura-me os ossos que estalam nas tábuas do coração, segreda-me o código com que dizer a verdade, agarra-me as mãos que perdi atrás de uma parede qualquer, sacode-me os ombros presos ao gelo da voz, atira-me as palavras que imitam o silêncio, ensina-me a escrever para saber morrer, rasga-me o ventre de fera hibernante, amarrota o papel escrito pela mão que mata, beija-me a boca sem palato.
talvez assim o meu sangue volte a ser vermelho e as ideias saiam de trás da sebe do coração e eu deixe de procurar o que caiu ao chão, o que atirei ao ar, o que rolou para o canto, o que se escondeu atrás de ti (é que, de tanto procurar... já tão pouco sei de mim...).
talvez assim o meu mundo volte a ser toda a gente.
Versos em linha reta que evocam sensações do tanto tempo, do perder-se entre, o vasculhar sobre, a toda gente ou uma abstração. Abraço.
ResponderEliminarUfa! Abraçooo!
ResponderEliminarSombra
e o mundo somos nós...
ResponderEliminare toda a gente, poeta...
aliás, essa expressão lusitana "toda a gente", evocada em seu poema (no brasil dizemos "todo o mundo"...rs), fez tocar no meu coração e na minha memória, os versos brilhantes de florbella, em perdidamente... na voz de luiz represas, obviamente...
abração do
roberto.
Poema soberb, o que de Espanca invocas, Roberto, como tantos outros desta tão profundamente conhecedora do coração dos homens que acaba sendo traída, justamente, por ele... mas o seu.
ResponderEliminarUm abraço!
P.S. Dos Trovante conheces "Memórias de um Beijo" ou "A Balada das Sete Saias"?
Os teus comentários são, em si mesmos, a mais fina poesia, Assis!
ResponderEliminarObrigado!
O mundo vertido na interjeição "ufa"; a luz no abraço.
Obrigado pela viagem,Sombra!
E eu uma vez escrevi: "Mata-me lentamente,
ResponderEliminarOu mata-te rapidamente."
Mas sabes, amigo, ainda não morremos, há...
Beijo
Laura
http://www.youtube.com/watch?v=XsNJDWA0sAw
ResponderEliminarSim, Laura, ainda não morremos... E enquanto vivermos na e pela escrita, tudo vale a penba.
ResponderEliminarBeijinho!
Muito belo!
ResponderEliminar"...de tanto procurar... já tão pouco sei de mim..."
Jorge,
ResponderEliminartenho tudo do Trovante (tudo o que saiu em cd).
sim, Balada das Sete Saias é linda (e linda é a história das nazarenas... das 7 saias).... sou fã dos caras e cheguei a ver um show deles em 1989, no bombarral... noite de lua cheia... e foi lindo o show, um dos melhores de minha vida (eu que ja vi mais concertos do que minha cota e merecimento)...
ah, e memórias de um beijo é imensa, de tão linda (Quem foi, que matou o desejo/ E arrancou o lábio ao beijo/ E amainou os vendavais ... cito de memória... rs)...
certa vez entrevistamos luiz represas pro meu jornal e, depois, eu ficava escutando a fita no toca-fitas do carro... ele cantarolava pedaços de canção.... linda a entrevista... eu gostava mais dele nos trovante, mas seu primeiro disco solo (aquele que tem feiticeira... gravado em cuba... putz... é lindo...
minhas favoritas dos trovantes: lenda dos sepes, sinais (tem umas imagens lindas na letra), fim (poema do mário de sá carneiro... foderoso!!! ... assim, com F mesmo)...
a propósito, dê uma olhada nesse blog que descobri na semana passada numa madrugada de insônia:
http://www.chavedossonhos.blogspot.com/
abração do
roberto.
"ensina-me a escrever para saber morrer..."
ResponderEliminar"Deixa partir as sombras, quebre a taça, deixe os cacos... Porque o que se procura há de já estar, e o que se tem já não se possui..." (M.C.L.M)
E como já disse antes em verso:
Guardai as alegrias numa caixinha de prata
Deixai a tristeza, na correnteza do rio...
um beijo Jorge, amigo!
Márcia