Fotografia de José Figueiraas manhãs são tristes.
aprendi-o com os homens
e entendê-lo levou tempo.
durante meses choveu nas minhas mãos
e agora
que o sol dispara cedilhas de fogo
ao som de rosas surdas
queimei a sombra onde queria abrigar a tua pele...
- raios!
durante anos escrevi livros redondos
onde os poemas eram bocas amarelas
com o hálito do bolor
enterrados em castiçais sem cera
logo agora
que te queria escrever
que és tão minha como as más recordações...
- bolas!
as manhãs são tristes
como os círculos de um peixe dourado
no sono do aquário.
morre no abandono dos rios
que deixaram silenciar a voz
nas cordas do violino.
e agora?
jé nem os pássaros cantam o peito da terra
(atravessaram o inverno para outras sinfonias).
e agora?
aprendi o silêncio com os homens
(deles apenas quero a loucura do sangue).

Visitou-nos, também, José Fanha, poeta e escritor de obras infantis que, despedindo simpatia, nos levou pelas entrelinhas das histórias dos livros e das histórias da vida. Prosseguimos com o também poeta e romancista barcelense José Torres que fez uma incursão pelo seu percurso na vida dos homens e na vida da escrita. A escritora Maria Clara Miguel esteve à conversa com alunos de 5.º ano que a presentearam com um conjunto de trabalhos realizados sobre os contos da sua obra “Histórias para Lermos Juntos”, ao som do piano enfeitiçado pelos dedos do professor Zé Manel e do seu pupilo, Tiago Martins. Terminámos com duas jovens escritoras que rasgam o futuro na escrita já hoje: a Maria Esteves (para quem o amor é a mola impulsionadora de todas as vontades – e verdades) e a Ana Andrade (conhecedora de alguns dos recantos mais profundos da alma humana). 




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