domingo, 20 de março de 2011

flashes de vida e morte sobre cidades transparentes


                                                               caminha, foz do rio minho

não estragues a cumplicidade
dos deuses com os lírios pacientes.
a terra remexe, o céu uiva e a dor espalha-se
naquele doente que exaspera
em silêncio branco de batas do hospital,
mas todos os homens
na sua loucura
aguardam pelas árvores de pé
como se as florestas fossem livros
de lombada fina
que nos lêem nas horas amargas
e nos ensinam as letras douradas.

não estragues a cumplicidade
dos deuses com os lírios imprudentes.
a morte é o suspiro que atiça o vento,
agita copas e arrefece desejos
como aqueles moribundos
que se rasgam em pedaços
e se esquecem dos rostos
na travessia dos invernos.

não estragues a cumplicidade
dos deuses com os lírios cadentes.
apaga as linhas das mãos
aponta os faróis ao sol
e deixa chover no coração.
eu continuo a passar todos os dias à tua porta
e nunca te vejo,
talvez na tua vida lenta
o lacre já tenha estancado a fechadura
do meu corpo.

e os deuses ainda mastigam as folhas de lírio.
e os lírios já não sabem dos homens.
e os homens fermentam a decepção.

é noite.
a cidade está transparente.
já podemos dormir.

joker’s daughter, lucid

94 comentários:

  1. Bela poesia, Jorge!
    Viagem em imagens e sentimentos.
    Grande abraço e sucesso!

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  2. profundo é o olhar
    que se renova após
    esses intensos versos
    ...

    forte abraço,
    grande poeta
    e amigo.

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  3. o tempo sem tempo vai passando nas nossas vidas, ou somos nós que passamos na vida do tempo, mas tudo se modifica e a terra mexe descartando o nosso peso de mortos vivos
    bjs

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  4. "eu continuo a passar todos os dias à tua porta
    e nunca te vejo,
    talvez na tua vida lenta
    o lacre já tenha estancado a fechadura
    do meu corpo."

    Uau! Sem palavras.

    Beijo de admiração.

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  5. Uau!!!

    Não há palavras, há apenas letras transparentes em mim e aplausos para as tuas palavras sem fim!!!

    Lindo!!!

    Beijos

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  6. Noooosaaaa....nem sei por onde começar, nem sei onde começa, onde termina tudo isso...ah, a morte é o suspiro que atiça o vento,lírios imprudentes, cadentes...você é genialmente delirante...peraí...eu vou reler isso hoje muuuitas vezes: amei!!!!
    beijos,

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  7. evandro,
    acabo de passar lá no teu blogue para um mergulho em óptima poesia. agradeço-te as palavras de lá e de cá.
    um forte abraço e tudo de bom!

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  8. amigo domingos,
    os olhos e as palavras são, talvez, a expressão mais verdadeira do ser humano. tu tens ambos em permanente combustão, poeta!
    um forte abraço!

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  9. amiga de olhar caleidoscópico,
    por vezes até o tempo se perde no emaranhado das construções dos homens, que ignoram os lírios e esquecem a morada dos deuses, mesmo que em noites de lua maior do que o próprio desejo.
    beijinho!

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  10. larinha,
    escrevi-o há instantes "nu café": hoje fiquei felicíssimo por ter reencontrado a cortina do "teatro da vida" aberta. aplaudo desde aqui :)
    beijos!

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  11. suzana,
    pudesse eu aprender com as palavras e tornar-me transparente assim...
    obrigado!
    beijinho!

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  12. taninha,
    não digas essas coisas que depois eu convenço-me de que até escrevo bem :)
    beijos e delírios para ti, querida amiga!

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  13. é sempre bom alimentar-me das tuas palavras, os teus sonhos/delírios alimentam a minha sede de poesia. Obrigada querido.

    Beijo.

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  14. Não estraguemos a cumplicidade
    dos deuses com os lírios...

    É noite, na transparencia da cidade, irei dormir.

    beijo
    OA.S

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  15. Jorge,


    na beira mar o néctar das emoções com a persistência da memória, investiga a adaga por cogitar arranhar a cumplicidade, das vastas vezes que observa os espinhos. Os lírios preguiçosos no bater das ondas, aconchegados aos cheiros da cama fofa, sorrir as lágrimas que queima a pele; amável terra sendo mexido, como remexer perfume no relógio. Aos céus, o que real se uiva para a simetria, sintonizar-se, mesmo face a face às notas quebradas, que dores espalham-se na travessia do inverno. Aves que pousam na linha do tudo e nada, do pálido como espantalhos vazios à imaginação de novos raios de sol. Em silêncio o matinal branco de homens na loucura, e, na ironia, encolerizar é prato em combustão com pés que tropeçam. O belo entardecer à espera do lampião triste, vival na mata densa, livros em ocas lêem os amargos e letras como conchas nas estruturas, as gaivotas sobrevoam o dourado; a morte açucarada que modela os dedos atiçados pelo vento, como copas, opinião ou valor, cada toque o sentimento aflora ante os pedaços dos finos cabos de aço. A folhagem cadente, tão ornamentado traçado das mãos que se envernizada e de eterno promissor desenhos clássicos e rústicos, aponta-se os faróis imperceptíveis e chove no coração o que se entoa; os dias à porta e de entrar o negro e obscuro do profundo jardim, ressurgi o leão familiar que ruge na vida lenta do corpo absorto, e sob as palmeiras, a primeira guitarra na cidade transparente.

    p.s.: De tudo que li até agora no teu espaço, este eleva-se, está num nível em que comentar já mais dará beleza e profundidade as notas de puro espaço e unidade apaixonante - liberdade; onde há na minha voz: ADMIRAÇÃO!

    Abraços

    Priscila Cáliga

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  16. querida luíza,
    sempre tive alguma dificuldade em discernir acerca daquilo que distingue a poesia do sonho e até mesmo do delírio. há tanto de sensorial em cada um...
    eu sou quem te agradece, amiga!
    um beijo desde este lado do atlântico!

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  17. oceano azul,
    e eu também, que já é tão tarde :)
    um beijo e uma óptima semana para ti!

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  18. Jorge,
    Aqui a foz encontrou a fonte...

    Abraço contínuo,
    Pedro Ramúcio.

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  19. A cidade pode ser transparente, mas o ser humano cada vez está mais opaco. Que bom seria a transparencia de sentires...sem serem enganosas. Lindo o teu poema. Beijos com carinho

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  20. Meu querido Poeta

    Envolta nas tuas palavras...entre sonhos e delírios...entre o caos e as tempestades...entre os anseios e a negrura
    do tempo...vou dormir e sonhar com os lírios...num silêncio
    branco...na cumplicidade da noite e a loucura de todos os poetas.
    Agora que já divaguei meu querido poeta...vou plena de poesia.

    E deixo beijinhos doces
    Sonhadora

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  21. Por aqui também é noite, mas eu não posso dormir (não ainda).
    Primeiro, vou reler esse poema bem devagar, procurando não estragar a tal cumplicidade, porém, tatuando na retina, palavras que, de tão mágicas, nos transportam para um mundo muito além do além. Ou como dizem os italianos: al di lá...
    Às vezes, Jorge Pimenta, acho que você é um feiticeiro...rs, e usa as palavras de tal forma, que nos enfeitiçam.
    Passei perto?...:))

    Beijinhos

    Cid@

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  22. Você duvida que escreve bem? Só pode estar brincando, né Talvez no remate da estrela feita chama
    claro poema suspenso no céu, navegante
    meu lado, peito perigeu.

    c é um dos grandes talentos da poesia. Suou hiperfã de sua poesia. E especialmente amei essa... :-))

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  23. Uma aula de poesia. Imagens arrebatadoras, fluência e ritmo. Tudo num contexto lírico e quase surreal que me toca muito.

    E eu sigo aprendendo com o mestre...

    Grande abraço!

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  24. a morte atiça o vento. a morte lacra o sol . sobra-nos a noite para dormir e sonhar
    Beijo

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  25. berceuse para cidades transparentes, portais invisíveis, a vida que bebe da morte, a morte que sacia o dia, uh lá lá salve

    abraço poeta

    em tempo: hoje é o dia mundial da poesia, outro abraço

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  26. os homens fermentam a decepção.

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  27. não estragar cumplicidades é um desafio tremendo, jorgíssimo, embaixador de braga no mundo da poesia.

    não estragar cumplicidades... agora já existe uma oração para isto.

    abraço dos grandes, desde new jersey.

    r.

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  28. ... ontem, era já noite e os corvos invadiram de novo a praia, famintos das rosas da manhã..., gritavam como hienas com cio, mas as rosas... as rosas não as mastigaram...
    ... os deuses são cúmplices da beleza, toda ela!
    ... as palavras são tuas cúmplices, como se fossem lírios [e tu um deus delas]!
    beijo, poeta-dos-meus-encantos!

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  29. Jorge,
    impressionante!
    Tão pleno de significação que não posso ver aqui só sentimentos. É como se a cada duas frases, não mais que isso, tenha uma mensagem que me toque, que pode ou não dar sequencia as duas próximas frases. Interessante isso.
    Li algumas vezes, mas não só senti, me disse em palavras e olhares de poesia, do poeta, ao leitor: mundo transpartente, sem ser refratário.
    Grande beijo.
    Obrigada pelas palavras lá no meu blog e pelas visitas também.
    Humoremconto
    http://anaceciliaromeu.blogspot.com

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  30. Em tudo meu querido quando há transparencia...tem se sempre um sono descansado...
    Beijo d'anjo

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  31. felizes dos lírios que atingem os deuses.



    bjs, querido.

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  32. Seus escritos são magicos sabia...E me prendem a visão e o coração.
    beijos achocolatados

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  33. Jorgito, meu queridão,

    Bom seria se os homens não estragassem as cumplicidades e não só a noite fosse transparente, aí sim poderíamos dormir.
    Amo os delírios do poeta!
    Bjs cúmplices

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  34. fiquei esmagada diante deste magnifico poema!! desta vez fui apanhada na teia deste canto. Jo Pi que magistral, se as catedrais ouvissem, se curvariam!!

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  35. Uau, Jorge!!!

    Estou encantada e tomada por seus flashes!

    Por vezes Eros nos flecha, somos pegos de surpresa, a imaginação aflora e transbordamos de tanta criatividade... Não há morte mais triste do que a 'cumplicidade' roubada por 'lírios imprudentes'!

    Amei ouvir “Lucid”, fiquei mais encantada ainda com a animação.

    Posso usá-la no meu blog? Identifiquei muito!!

    Beijos e carinhos...

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  36. Olá, Jorge,
    os lírios trazem delírios
    e que demais das fotos
    sabe, e às vezes, comentar o quê?
    é ler e absorver os flashes, as etiquetas e tudo mais nestas viajens de luzes e sombras
    beijo de parabéns

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  37. deixo-te uma palavra:
    TRANSPARENTE

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  38. mas como não podia deixar de ser:
    TRANSPARENTE, memso que só por um instante, memso que agora
    Beijo
    Laura

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  39. Caro Jorge,
    vim agradecer tua sensibilidade e cuidados com a natureza; urbi et orbi melhoram por teus olhos - um cuidado universal - na Holanda de Chico ou em Roma, como as romãs de casa. Camões já havia avisado.

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  40. (de)lírios são minhas flores favoritas. :)

    Adorei o texto.

    Um beijo.

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  41. Maravilhoso, querido.

    Os deuses habitam o acaso e eles sabem o que fazem, não adianta intervir com a nossa urgência... as vezes é melhor deixar a vida acontecer...

    Uma linda noite.Bjs

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  42. você me arrepia...

    magnífico!

    beijos boaquiabertos.

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  43. Jorge do céu!!!
    Que é isso menino?
    Escrever o quê, diante de tal beleza?
    Agora você arrasou de vez.
    Magnífico!
    Com carinho
    Fátima

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  44. vc tem sempre excelentes sacadas. como esta: "como se as florestas fossem livros
    de lombada fina
    que nos lêem nas horas amargas
    e nos ensinam as letras douradas."
    e esta é só a primeira estrofe! a gente vai lendo e admirando a tessitura do poeta.
    beijo

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  45. "não estragues a cumplicidade
    dos deuses com os lírios cadentes.
    apaga as linhas das mãos
    aponta os faróis ao sol
    e deixa chover no coração..."

    amigo, é sempre deslumbrante a melodia do teu coração!

    Beijinho com um lírio-sorriso

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  46. Eu Sandra do Blog Meu Aconchego e Elaine Barnes do Blog Nas Asas da Coruja convidamos vocês para trazermos agora para o real, todo seu talento, todo seu carisma, todo seu carinho...Estamos convidando Todos vocês para o Primeiro Encontro de Blogueiros, Sarau "Somos Reais". Onde vocês poderão expor sua arte,seja sua pintura, musica, poemas, textos ou trabalhos manuais ... E onde poderemos nos encontrar e dividir todo esse amor que já dividimos através dos blogs.Nosso Encontro será na Academia Movimentos.Tenho absoluta certeza de que será mágico nosso encontro.E simplesmente inesquecivel.Conto com a presença de todos vocês.O dia do encontro: 22-05-2011Local- Academia MovimentosHorário : á partir das 14:30 hrsEndereço completo. Rua do Horto 350 .Zona NorteReferencia Próximo ao Horto Florestal Contato e confirmação de presença pelos emails:sandrag959@gmail.comelainebb08@hotmail.com* Será cobrada apenas uma taxa de dez reais para petiscos.*O numero da conta pra depósito da contribuição de 10 reais será mandada ao email dos que confirmarem presença. beijos achocolatados

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  47. Gostei de percorrer esta cidade de palavras, sentimentos, imagens, numa travessia marcada por um olhar atento e, mais que isso, poético.
    Obrigada pela “boleia”! :)
    Beijos!

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  48. "não estragues a cumplicidade
    dos deuses com os lírios"... estes versos me fazem enveredar por mais de um caminho... todos instigantes... um deles foi entender lírios como uma metáfora para poetas...

    E os lírios se tornaram homens... e os homens cederam suas folhas as ânsias dos deuses...

    Quando te leio, observo a escolha das palavras... (fiquei um tempo sorvendo a adjetivação dos lírios: lírios pacientes,imprudentes, cadentes)... surgem os porquês dessa escolha... e o silêncio após eles fica a ecoar...

    Um beijinho com cumplicidade, Jorge alado!


    p.s:Perdoe meus delírios... é que a cidade se pôs transparente e nada me impediu de voar...

    ; )

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  49. Não estragues... Para que eu possa dormir.

    Beijo.

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  50. Ahh stor ! Que saudades :)
    Temos de marcar um novo jantar, porque ao primeiro você faltou :)

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  51. querida priscila,
    há céus que passaram a ser objectos poéticos desfilando em galerias de imagens que afogam as tempestades de carne em que o ser humano se entrincheira. é-lhe difícil combater o líquido verde e viscoso que escorre da sua língua, ou não fosse a sua voz o maior dos venenos e o mais pequeno dos ventos. a si, pequeno objecto da criação, resta-lhe trepar ao mastro e divisar terra, pedaços de chão que o sustentem, porque os céus são, ainda hoje, única quimera em que deixou, já, de crer. o teatro fica vazio com a morte do actor. who cares?
    beijos, querida amiga!

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  52. pedro,
    este abraço entre o amazonas e o tejo é sempre a garantia de que todos os rios se encontram na mesma água, fazendo do imenso oceano a única foz.
    um abraço, amigo de além oceano e de aquém rio!

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  53. rosa branca,
    de todos os estados, a transparência é aquele que mais particularmente me seduz. não sei porque e, quando nele penso, logo descubro que o não consigo definir; também a sua verbalização não ocorre senão em imagens; honestamente, nem sei mesmo se existe. ainda assim, como os românticos, enquanto houver uma idealização, valerá a pena acreditar.
    um beijinho!

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  54. amiga do sonho,
    esperar deste lírio que se persegue (e que nos percorre) todo o jardim e toda a beleza é delírio em que apenas os loucos, os poetas ou os sonhadores podem cair. eu cá não me importo :)
    beijinho!

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  55. querida amiga cid@,
    esse mundo além do além fica, tantas vezes, tão aquém :)
    enquanto haja um ser humano, não haverá um mundo, mas mundos. fundos, também. mas entre os mundos e os fundos, a certeza de que há descer mas também regressar. mesmo que entre lírios cultivados pela indiferença dos deuses e colhidos pela cobiça dos homens.
    um beijinho, amiga descendente da bella italia!

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  56. taninha,
    que a estrela da poesia nos arda sempre nas mãos com que escrevemos o nosso céu. seja ela cadente ou de primeiro plano, lustrosa ou pálida, mas sempre estrela, porque agarrada às sensações que tornam a vida apenas e tão-somente a auto-estrada que liga a felicidade à eternidade.
    um beijinho de admiração ainda com as mãos a tremer do elogio explosivo que lhes estoura a pele.
    obrigado, querida amiga!

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  57. amigo celso,
    se nem tudo é o que nos parece e as palavras são muito mais do que elevadores para os referentes, tenho de confessar que os territórios surrealista e expressionista, na poesia como nas demais manifestações artísticas, são aqueles em que melhor me sinto a caminhar. é por via das suas linhas distorcidas e das imagens sem chão que as sustentam que, por vezes, consigo tornar audíveis as diferentes vozes que pontuam a mão que me escreve.
    um forte abraço!

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  58. "a morte atiça o vento. a morte lacra o sol . sobra-nos a noite para dormir e sonhar"
    sandra,
    há mortes que dormem e sonham;
    há noites que matam...
    um beijinho transparente!

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  59. querido amigo assis,
    que os "lullabies" antecipem o sono transparente e a noite. a morte pode esperar.
    um forte abraço!

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  60. andressa,
    os homens fermentam a decepção, acrescentam-lhe o sal dos olhos e as linhas do rosto, subtraem-lhe a luz e deixam repousar no fundo todos os cristais redentores. no final, erguem o cristal e sorvem sofregamente o néctar, esperando com o brinde vestir a noite e guardar o grito das aves nocturnas nos seus bolsos escuros. e o dia será a derradeira batalha.
    beijos!

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  61. primeiríssimo amigo,
    há cumplicidades que não se gastam, nunca rasgam e jamais morrem. a essas (feitas com o tecido duro que reveste o frágil músculo vital) os deuses não conseguem chegar e a generalidade dos homens nem ousa nomear. é lá que os lírios ganham raízes, caro amigo.
    um abraço para jersey!

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  62. amiga-de-todos-os-encantos,
    subitamente vejo-me agarrado ao grito da noite que soltas do teu punho. por detrás das hienas e demais necrófagos, a terra é uma jovem mulher que se renova, redonda, viva e fértil, como se a morte fosse apenas um estado transitório a bater asas sobre o chão queimado na pele. e os lírios sussurram a palavra moribubda, que agoniza nos lábios e morre de vez para que a verdade seja vivida e não apenas nomeada.
    beijinho!

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  63. c.,
    o ar fresco é perceber como a palavra a todos aproxima. e desse quero eu poder sempre sorver.
    um beijo e um verso!

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  64. cissa,
    a apropriação do objecto estético faz-se único pelas diferentes mãos que o tocam. é esse o fascínio da poesia escrita, mas, sobretudo, da poesia lida, aquela que, partilhada, se reescreve entre mãos, olhares e sensações tão díspares quanto cada uma das suas leituras.
    devolvo-te o agradecimento pelo carinho que deixas pousado sobre este mapa de viagens.
    beijinho!

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  65. sonho d'anjo,
    a transparência visita-nos tantas vezes de noite, por entre sonos e sonhos. por que se faz ela intangível na outra metade do dia?
    beijinho!

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  66. "felizes dos lírios que atingem os deuses."
    mesmo que em percursos pacientes, imprudentes... tantas vezes cadentes.
    um beijinho e uma flor sem adjectivo, fernand's!

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  67. doce sandra [os beijos achocolatados justificam o qualificador :)],
    oxalá a iniciativa de que aqui nos dás conta resulte pelo melhor. quanto a mim, estarei do lado de cá de neptuno a torcer para que sim.
    um beijo com pimenta! :)

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  68. querida ira,
    de entre os muitos homens em seus passos perdidos, salvem-se os lírios, resgatem-se os poemas, reinventem-se os poetas. para que as cumplicidades nunca sejam apenas verbais.
    beijinho, doce amiga!

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  69. não-sou-eu-é-a-outra,
    que as catedrais nunca se verguem. são elas o símbolo maior da verticalidade.
    obrigado, amiga! se o poema é grande, quem o lê e o torna seu é seguramente muito maior. quem sabe se não mesmo maior do que a altaneira catedral...
    beijos mil!

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  70. querida lívia,
    esta música dos joker's daughter é um encanto, mas o clip não lhe fica nada atrás, verdade? adorarei reencontrá-lo no teu blogue.
    beijinho e até já :)

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  71. "sua poesia faz chover no coração..."

    ana f.,
    por vezes temos mesmo de o castigar, verdade? :)
    beijinhos!

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  72. vais,
    daqui te aceno em agradecimento sincero.
    beijos!

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  73. laura, amiga,
    uma vez ofereceste-me um postal escuro, com rostos macilentos, lívidos, por entre palavras encardidas de significação oculta. a cruzar os emblemas-enigma, a caligrafia trémula de cor sépia que desvelava um suspiro breve. assim rezava: "quanto vale uma utopia?".
    recordas-te?
    beijinho!

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  74. querida rejane,
    a universalidade pela palavra apenas se conquista pela mão dos grandes, dos maiores. contento-me, por ora, com a partilha amiga de que aqui e aí vamos sendo testemunhos.
    um abraço!

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  75. carina,
    tenho-os aqui, bem defronte dos meus olhos, sorrindo para a levemente insustentável transparência. tenho-os aqui a ambos: os lírios e os delírios :)
    beijinho!

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  76. parole,
    a única urgência que persigo é a que me aproxime dos lírios pacientes... nada (ou quase nada) dos cadentes. ainda assim, querer nem sempre é poder...
    abraços!

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  77. cris.tal de poesia,
    para ti, um beijo e um arrepio :)

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  78. céus, fátima,
    é difícil contrapor com palavras às tuas palavras.
    permites-me o envio de um beijo silencioso como resposta?
    aí vai: beijinho!

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  79. loba,
    todas as mortes nos tingem de vermelho. mesmo as dos lírios que, entre páginas de livros, recordam a metamorfose da clausura, por entre os aromas distantes da alfazema e do pinho, agora reclusos em janela de linho fino. haja dedos que saibam cheirar.
    beijos e uivos!

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  80. amiga andy,
    acabo de depor esse lírio-sorriso [ainda com aroma a chocolate :)] num canteiro anónimo que inaugura as manhãs dos meus dias.
    um beijinho especial para ti!

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  81. cristina,
    este blogue não é um automóvel; é um autocarro... de dois andares :). não tem motorista e ainda menos cobrador. entra e acomoda-te tão confortavelmente quanto te seja possível. o destino da viagem fica entregue à poesia e ao viandante.
    p.s. gostei muito de te ter encontrado no largo do paço, na cerimónia do concurso de jornais escolares.

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  82. aninha-de-luz,
    desnudaste o poema... e o poeta.
    para ti, as palavras nunca escondem segredos.
    o lírio é, seguramente, o poeta e a poesia.
    um beijinho com um carinho luminoso!

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  83. carlinha,
    vejo que foste minha aluna e que estou em falta para contigo e os teus colegas. viatodos? há três anos? passei no teu blogue à procura de coordenadas e referenciais, mas não consegui situar o ano e a turma. dá-me notícias, please.
    beijinho!

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  84. "não estragues para que eu possa dormir" -
    belíssima tirada, vanessa.
    receio aqueles momentos em que se dorme apenas para se não ver o que está estragado...
    beijinho!

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  85. querido pimenta,
    testemunho,
    haja punho :)) bom dia pra ti

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  86. rejane,
    tenho dois :)
    beijinho e um óptimo dia para ti, também!

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  87. E por acaso existe um relógio dourado apontando as horas... Hora de? Sei lá me espnato entre esses fantasmas que vem nos assombrar em flashes. Eu perdi ou nunca te encontrei!

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  88. Jorge,
    saudade de por aqui estar..
    tanta vida e tanto por esperar..
    por vezes canso-me de ver e sentir.
    beijos querido poeta..

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  89. querido poeta, fiquei pensando nos lírios mastigados pelos deuses, esquecidos dos homens...e nessa cidade transparente, que por vezes habitamos e, em outras, habita em nós.

    Pensei que talvez, em outras vezes, nós sejamos os transparentes. A cidade não nos vê, os deuses não nos percebem, as portas nos ignoram, apoiadas soberbas em suas vigas tortas...e nós passamos por tudo como espectros espelhados no que carregamos por dentro.

    poema profundo e belo, querido amigo!
    um beijo com carinho

    (andei sumida pq meus olhos exigiram descanso, mas agora já estão bem, e eu já posso voltar à casa de quem gosto)

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  90. michelle,
    procuramos as horas douradas mas tropeçamos nos ponteiros amargos. no seu sangue gostaria de ter aprendido a nadar...
    beijinho transparente!

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  91. querida ingrid,
    que as sensações/emoções sejam sempre a nossa coluna vertebral. sem cansaços, sem falências.
    beijinho!

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  92. querida andrea,
    que bom sentir-te na nossa companhia. oxalá que com as janelas para o(s) mundo(s) em perfeitas condições. pelos olhos, a transparência torna-se gota veloz sobre o rio da espécie. a poesia e os amigos o mapa que não sabe falhar.
    um beijinho terno, doce amiga!

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